Juventudes a caminho do seu Protagonismo
A Juventude é vida, fraternidade, esperança, mudança, transformação, paz e justiça, é presença de utopia, repleta de energia, carregada de dinamismo, criatividade e protagonismo, é ousada na construção da civilização do amor. Isto caracteriza uma juventude comprometida com os valores de defesa da vida e dos direitos humanos.
Estamos vivendo um ano voltado para as juventudes. A Campanha da Fraternidade que lança seu olhar de modo muito especial à juventude, e o grande evento, Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá, em julho, no Rio de Janeiro.
Entre tantos espaços que nos propõem refletir esta temática, como podemos nos comprometer no cuidado com a vida da nossa juventude?
A omissão do Estado brasileiro, o desemprego, a marginalização social, a educação pouco atraente e não-profissionalizante, as drogas, o tráfico, a falta de bons referenciais levam muitos jovens a enveredar pelo crime, violentando e matando-se uns aos outros e sofrendo, de forma brutal, a violência policial. De 100 % de toda a população carcerária brasileira, 53,6% são de jovens entre 18 e 29 anos de idade; a grande maioria de origem pobre, negra e desempregada.
Conhecer as realidades juvenis é fator fundamental para compreender as expressões e manifestações da nossa juventude brasileira.
Qual é a realidade dessa juventude? Incluída ou excluída? Com acesso a um ensino de qualidade? Inserida no mercado de trabalho?
São muitas as formas que a sociedade dispõe para sufocar esta realidade, existe uma grande descrença do adulto em relação ao jovem.
Diante de uma sociedade consumista, capitalista, individualista, do vício, da prostituição, podemos perceber uma falta de esperança e perspectiva de vida de nossa juventude. Em contra partida, encontramos uma juventude que tem como característica própria e singular não aceitar receitas prontas, mas sim ajudar a construir espaços que viabilizam seus direitos, suas ações, seus valores e sua inclusão na sociedade, usufruindo da sua autonomia e emancipação.
Diante deste contexto de sociedade de não ter e não ser, a juventude busca um caminho fazendo escolhas para sua vida. Sonham com carreira, estudos, profissão, querem encontrar aquilo que os tornem realizados sendo protagonistas da sua história, porém vivemos num mundo em que essas oportunidades nem sempre são oferecidas e na ausência deste espaço, o jovem encontra dificuldades de viver o seu projeto de vida. É importante que os jovens não percam de vista seus ideais, o projeto comum, a construção da paz e a justiça social.
A Campanha Nacional contra a Violência e Extermínio de Jovens é uma ação conjunta de organizações juvenis, de dentro e fora da Igreja, para chamar atenção do Governo, das Igrejas e de toda sociedade sobre a epidemia de violência e morte que se abate sobre a juventude brasileira, suas causas, consequências, e objetiva cobrar e propor ações que a combata.
Além da violência física, existem outros tipos de extermínio de jovens, que são os seus direitos que sempre foram negados pelos governantes de nosso país como: educação, saúde, transporte, cultura, esporte e lazer que são órgãos públicos e de direito da juventude, bem como o trabalho decente que possa dar ao jovem a oportunidade de ter uma vida digna. Procuremos conhecer melhor a Campanha Nacional contra a Violência e Extermínio de Jovens e toma-lá como nossa também, engrossando o caldo a favor da vida da juventude.
Diante da temática da CF sobre Juventude, estivemos participando no período de 10 e 11/02 com mais de 180 jovens reunidos no Acampamento Jovem em Garibaldi – RS, organizado pela Pastoral da Juventude de Caxias do Sul, estudando, debatendo e rezando os valores e as causas da Mãe-Terra, fonte de vida e sustento. Estiveram presentes 50 cidades, que trouxeram uma juventude orante, lutadora, clamante, denunciadora e testemunha do Evangelho.
A realidade vivida no Acampamento foi a do cuidado, da alegria, do amor e dos compromissos com a natureza e com os irmãos. Desde os alimentos orgânicos, a separação do lixo e a reutilização de descartáveis; aos abraços, músicas, danças e oração, vivemos como queremos e sonhamos a Civilização do Amor, por toda a Terra, esta experiência é diferente da proposta do atual sistema neoliberal.
A proposta da 36ª Romaria da Terra: “Terra, Vida e Cidadania”, foi aprofundada por meio de oficinas, com o objetivo de apontar quais males nos afligem e o que devemos anunciar. Discussões sobre teologia da terra, agricultura familiar, sustentabilidade, economia solidária, justiça socioambiental e a juventude rural na temática da Terra; Consumo consciente, soberania alimentar, projeto de vida, mobilidade humana e ética do cuidado, foram as oficinas sobre a Vida; Juventude e o mundo do trabalho, políticas públicas de juventude, juventude e violência, reciclagem e o feminino da terra, levaram à discussão de Cidadania.
Depois da partilha nos pequenos grupos, foram trazidos para a plenária alguns anúncios: “A agricultura familiar, ecológica e alimentar!”.
“A reciclagem, a economia solidária, os projetos alternativos, o cooperativismo e a maior participação da mulher na produção!”.
“A Campanha das Pastorais da Juventude do Brasil contra a Violência e o Extermínio de jovens!”.
E nossa juventude denuncia: “A resistência ao debate sobre protagonismo juvenil nos espaços eclesiais, sociais e familiar!”.
“Os pensamentos que mantém as opressões e desigualdades de gênero, raça e etnia!”
“A falta de cuidado com o dom da vida e a omissão política diante desses fatos!”
“O agronegócio que faz da terra de Deus uma mercadoria!”.
Que a Campanha da Fraternidade saia de nossas igrejas e avance na perspectiva de buscarmos acolher e escutar as juventudes. De nada terá valido falar sobre Jovens... temos que apresentar mais do que a Jornada Mundial da Juventude, temos que apresentar quem são os jovens, onde estão, quais são seus medos, seus sonhos, desejos... para depois termos a coragem de dizer: “Eis-me aqui, envia-me!” (Is 6,8). Que a juventude não se cale diante dessa realidade e juntos lutemos pelos seus direitos.
Irmã Franqueana Gomes dos Santos, FDC
Irmã Letícia Campagnolo Cavalheiro, ICM